Pedagogia da Natureza
Introdução
A
vertente educativa do homem já era questão de debate desde a era antiga, com
Sócrates, Platão, Aristóteles; no século XVIII ate ao renascimento ganha um
novo rumo com o surgimento de duas vertentes pedagógicas distintas que é a
pedagogia da essência e da existência. A querela entre estas duas pedagogias, faz
com que a pedagogia da essência avance e subdivida-se em duas vertentes com
ideais pedagógicos diferentes, mas ambos defensores de uma pedagogia da
essência. No mesmo século a pedagogia da existência também chega ao auge
defendendo seus princípios existencialistas da educação.
Este
trabalho baseado na pedagogia da natureza, vai trazer a tona esta querela entre
a pedagogia da essência e da existência, buscando aquelas que são seus ideais
fundamentais, seus defensores e as perspectivas de desenvolvimento de uma
pedagogia da existência no século XVII.
Para
a elaboração deste trabalho foi usado o método hermenêutico, que consiste na
leitura e interpretação de testos.
1.
Pedagogia
da essência
Como
notamos na introdução, o debate sobre a educação do homem é antiga, desde os
tempos socráticos ate aos nossos dias, já no século XVII existiu um choque
entre a pedagogia da essência e existência com vertentes de pensamentos
diferentes buscavam uma educação ideal ao homem com base na natureza.
De
um modo particular, vamos começar a falar da pedagogia como essência, pedagogia
essa que toma diantera na querela entre a vertente existencialista, esta
ofensiva se dividiu em dois aspectos diferentes, que são a tradicional e uma
outra vertente mais moderna. (Suchodolski. 2000: 24)
1.1.
A vertente tradicional foi representada pelos jesuítas onde se tornaram
senhores da pedagogia europeia a partir do lançamento da famosa obra Ratiu Studiorum em 1599, onde realçaram
com maior vigor o sentido religioso e dogmático como essência pedagógica. Os
jesuítas desenvolveram sua ação inibindo o movimento reformista, ciência, filosofia,
a arte e a vida moral, recorrendo assim a formação dos jovens apenas no domínio
religioso como filhos da igreja. (Idem)
1.2.
Por outro lado a vertente moderna manifestou-se através de
uma filosofia que apelava a noção da natureza, essa filosofia valorizou a
investigação no domínio das ciências sociais. Retomaram as tradições antigas
particularmente a dos estoicos e os resultados das investigações modernas das
ciências sociais no sentido de criar concepções laicas e científicas da
natureza que permitisse definir bases da vida do homem na sua relação com sigo,
com o próximo e com qualquer outro domínio das atividades humanas. (Ibidem: 25)
Todos
estes esforços feitos pela pedagogia da essência nesta vertente mais moderna,
culminaram com a criação de um sistema natural do cultural que era uma concepção
intelectual que possibilitava a expressão moderna das teses fundamentais da
filosofia que utilizava a essência naturalista moderna. As variantes
tradicionais platónicas e aristotélicas-tomistas, já não eram aceites a concepção
literária do humanismo, parecia afastar-se das necessidades da vida social e do
desenvolvimento da ciência. As teorias da ciência moderna, reuniram os
elementos tradicionais ainda defensíveis para fornecer aos homens uma definição
duradoura das normas de vida e conduta. (Idem)
Assim
o que há contra a natureza devia ser eliminado. Os modernistas retomaram a
ideia de Platão tornando-a lei de modelo supremo, desde que estas ideias não
interfiram na realidade empírica do homem, mas contribuíam para analisar, diferenciar,
ajuizar e corrigir o homem numa vertente metafísica, onde funcionava como um
tribunal para condenar a violência a forca e a injustiça o relativismo, o ceticismo, o ateísmo e a libertinagem. (Idem)
A
edição moderna da filosofia concebia a essência do homem metafísica ou
dogmática e impôs dois princípios para a sua defesa que eram:
·
Destruir o que na vida
real do homem violava o princípio da ordem natural.
·
Combater as aspirações
audaciosas que punham em dúvida a existência de tais princípios e tentam para a
conquista da liberdade da liberdade no domínio do pensamento e da moral. (Idem)
1.2.1. Jean Amos Comenius
(1595-1670) foi precisamente o criador de um sistema pedagógico dependente da
natureza, englobava problemas, continuando com a tradição renascentista de
tornar mais fácil e agradável o ensino escolar. Aconselha com toda lógica que o
mestre siga exemplo do jardineiro que trata das plantas segundo suas
necessidades e possibilidades, mas isto não significa afirmar. Comenius defende
o princípio de que a educação deve formar o homem de acordo com uma finalidade
previamente estabelecida. (Ibidem: 27)
A
natureza é entendida como essência do homem. O homem empírico é um homem
atingido pela corrupção. Comenius afirma que o homem é tudo porque é capaz de se
tornar tudo. A sua pedagogia faz compressão das necessidades da vida presente
na criança. A pedagogia se insere no vasto campo da pedagogia da essência, pois
se liga a análise psicológica do homem. (Ibidem: 27)
Partindo
de outros pontos de vista, John Lock por exemplo foi um defensor dos
pensamentos de Comenius, mas não os defendeu na sua totalidade. John Lock
defendia uma teoria da formação moral do adolescente de acordo com a exigência
do seu estado. (Ibidem:28)
2.
Perspectivas
do Desenvolvimento da Pedagogia da Existência no Século XVII
A
pedagogia da existência surgiu no século XVII, não como oposição ou revolta a
pedagogia da essência, convêm apenas invocar concepções filosóficas que sem
terem ainda importância pedagógica direta alcançaram este valor num período
ulterior!
2.1.
Temos numa primeira fase Concepções
que se referem à natureza empírica do homem. Além das especulações filosóficas
sobre a “natureza” do homem concebida metafisicamente como sua essência,
começaram a avolumar-se considerações sobre características empiricamente
acessíveis aos homens. (Ibidem: 30)
2.1.1. Comenius
adversa que temos que aceitar tomar em consideração a criança viva e espontânea
pelo menos no domínio dos métodos pedagógicos, o problema do conhecimento mais
concreto da sua natureza empírica devia pôr-se de modo cada vez mais
imperativo. (Ibidem: 29)
Esta
concepção foi enfatizada ainda mais pelos missionários e viajantes, onde
destacaram dados inatos do próprio homem, como é o caso da capacidade de
inteligência que o homem tem, assim como a capacidade de amar e puderam
destacar igualmente algumas capacidades que são até negativas como é o caso de
ser egoísta e feroz. Tornava-se um assunto cheio de atrativos.
2.2. Concepções
que referem o homem como sendo naturalmente bom. A educação não deve ir
contra o homem para formar o homem como defendiam os essencialistas, mas formar
este homem de acordo com sua natureza existencialista. (ibidem: 30)
2.2.1. Rosseau
afirmava que o homem era bom por natureza, mas a civilização o corrompia, sua
concepção existencialista da educação era a de isolamento do homem da sua
sociedade, onde receberia ensinamentos naturais com um mestre ideal, apenas
quando sentisse a necessidade voltaria ao seu meio social.
2.2.2. Hobbes
defendeu esta perspectiva, partindo da sua observação fundamental, que afirma
que o homem é um lobo em relação ao próximo, não tira a conclusão de que é
necessário emendar o homem, mas sim que cumpre adaptar a organização social à
natureza humana. Esta conclusão cortava pela raiz até uma pedagogia da
essência, por quanto a obra que esta prometia efectuar se revela inútil. (Idem)
2.2.3. B. Mandeville
exprimia no romance em que defende que se pode organizar a sociedade tendo como
alicerce indivíduos egoístas. Isso significa que para a formação da sociedade,
não é necessário transforma-la como queriam os essencialistas, mesmo com as
características inatas do próprio homem, por mais que sejam negativos, é
possível formar uma sociedade baseada em homens egoístas. A vida social pode e
deve basear-se nos homens tal como existem realmente e não requer de modo
nenhum homens reformados de acordo com os modelos de uma pedagogia da essência.
(Ibidem:31)
2.2.4. A
filosofia do século XVII debruçou-se sobre um segundo problema fundamental, é o
problema da individualidade levantado por Leibniz.
A sua metafísica, em que intervêm as noções de mónadas. As mónadas tinham em si
mesmo o sentido do seu desenvolvimento e, visto que a harmonia entre elas foi
garantida embora sem serem formadas numa direção definida de coexistência, a
pedagogia da essência não é necessária. (Ibidem:31)
Uma
vez mais queremos enfatizar a pedagogia da existência, com base nas mónadas que
tem vida própria, não é necessário buscar dados da pedagogia da essência, que
são metafísico, porque as monas por simples facto de existir bastam-se nelas
mesmo.
Conclusão
A
pedagogia da natureza é aquela imbuída de princípios educativos, onde numa
vertente essencialista formatava o homem segundo uma ideologia pré-concebida pois
se acreditava que o homem era possuidor de uma essência divina; por outro lado numa
vertente da pedagogia existencialista o homem era visto como naturalmente bom e
a educação segundo esta perspectiva pretendia formar o homem segundo sua
existência.
Este
trabalho debruçou-se em torno desta querela entre a pedagogia essencialista e a
existencialista, querela esta que se estendeu ate ao renascimento. Todas essas
vertentes tinham por objetivo um tipo de educação para o homem.
Bibliografia
SUCHODOLSK,
Bogdan. A pedagogia e as grandes
correntes filosóficas: a pedagogia da essência e da existência. 5ª ed.
Lisboa 2000.
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