Praticas etnograficas de Mocambique colonial e pos-colonial

Autor
Mário Valentim Francisco Langa
Dados curiculares do autor
Mario Valentim Francisco Langa, nascido no distrito de Mocuba, província da Zambézia, de nacionalidede Moçambicana, formado em 2012 pelo centro de formação Youg Africa Beira nos corsos de Inglês e Electrónica, e em 2013 pelo centro de formacao Care for Life no curso de informática. Actualmente estudante do segundo ano, do curso de filosófia pela Universidade Pedagógica de Moçambique.


Agredecimentos
Para a elaboração deste artigo ouveram pessoas que directa ou indirectamente contribuiram, para que ele se realiza-se, pessoas que com sua vontade de ajudar, transmitiram-me ideias e forças para chegar até ao fim do mesmo.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, por me conceder saúde, vontade, e o bem estar para trabalhar em pról do trabalho, os agradecimentos especiais vão para meus Pais, que me deram a ajuda moral, financeira e a compreenção que tiveram na consiliação dos trabalhos de casa com os da académia.
É importante aqui agradecer tambem ao docente da cadeira de Antópologia Cultural de Móambicana pelo consedimento do tema para o desnvolvimento do trabalho, e por algumas fontes bibliograficas por ele concedidas. Agredecer tambem aos meus colegas/amigos, Felix, Mateus pela discução de alguns temas presentes no artigo.
E por fim agradecer alguem que ajudou nas pesquisas, nos resumos e acompanhou o desenvolver do trabalho durante a fase inicial ate a final, transmitindo o calor da amizade, forças para continuar, e muita motivação. Euridce obrigado.




Resumo
Este artigo tem por objectivo levar a conhecer, o contexto histórico das práticas etnogróficas de Moçambique. As práticas etnográficas tiveram início na era colonial em Moçambique, até a era pós-colonial. O governo colonial dividio as pesquisas etnográficas em duas fases. A fase da antrópologia missionária foi levada a cabo por missionários e admistradores locais. Henri-Alexandre Jonud foi um dos primeiros antrópologos a realizar trabalhos etnográficos em Moçambique. A era pós-colonial foi marcada pela adoção do marxismo pelo novo governo independente. A adoção do marxismo no terceiro congresso da frelimo tinha em vista a igualdade social, centrado nas massas.

Palavras-chave: Moçambique, Etnógrafia, Práticas, Colonial.



Abstract
This article aims to bring to know the historical context of Mozambique ethnography practices. The ethnographic practices began in the colonial era in Mozambique. The colonial government divides ethnographic research in two phases. The phase of missionary anthropology was undertaken by missionaries and local admistration. Henri -Alexandre Jonud was one of the first anthropologists to conduct ethnographic work in Mozambique. The post-colonial was marked by the adoption of Marxism by the new independent government. The adoption of Marxism at the Third Congress of Frelimo had in view social equality, centered on the masses.
Keywords: Mozambique, ethnography, Practices, Colonial.

Introdução
Para qualquer antropólogo que deseje estudar hoje a etnografia moçambicana, partirá desde dos registos etnográficos mais primatas até os actuais, seguundo uma hierarquia histórica.
Este artigo fala em torno das práticas etnográficas no Moçambique pós-colonial, onde desenrolo em torno dos contrubutos para a mesma, como é o caso de Henri Jonud, Dias, Junior. Veremos também as duas fases que caracterizaram as práticas etnógraficas colonial e pós-colonial, Antropólogos que contribuiram com seus estudos para as práticas da então etnografia de Moçambique. Veremos aqui tambem, a vertente etnográfica, colonial, pós-colonial (marxismo antropológico), e o contributo destes pensadores em torno da etnografia em Moçambique.
  
Práticas etnográficas
É importante antes de falar sobre o tema em debate, abordar em torno do que são então as práticas etnográficas de um modo geral,
“Os estudos etnográficos são uma técnica, proveniente das disciplinas de Antrópologia Social, que consiste no estudo de um objecto por vivência directa da realidade onde este se insere. Estes estudos têm mostrado que o trabalho das pessoas é, normalmente, mais rico e complexo do que o descrito pelas definições dos processos e pelos modelos dos sistemas” (Wikipédia/práticasetnográficas..)

Henri Alexandre Jonud
Antes de avançar, no tocante as práticas etnográficas de Moçambique, é pertinente falar aqui do homem que marcou o início das pesquisas etnográficas de Moçambique, falo do grandioso antropólogo Suíço Henri-Alexandre Jonud.
Fazendo uma analize histórica, notamos que, a Suíça ocidental, terra onde nescera Henri-Alexander Jonud, sofreu transformações em suas velhas estruturas sociais, da mesma forma que em toda a Europa ocorreram reviravoltas políticas durante todo o século XIX. “As reviravoltas estiveram circunscritas aos embates entre a emergência de novas ideias iluministas anti-religiosas, ao questionamento do renascimento cristão e a laicização do Estado nacional suiço” ( HARRIES, Patrick. p37. 2007)
As relações entre o clero e o Estado na Suíça eram muito íntimas. “Em 1803, depoisde ocorrida a emancipação do domínio de Napoleão, houve grandiosa celebração dasigrejas pela eleição do primeiro Grande Conselho. Além disso, o Estado possuía, por voltade 1820, muitos pastores em seu quadro de funcionários” (ibidem p38)
Foram criadas escolasdominicais. Estas escolas se espalharam as reflexõesquestionadoras contra as antigas práticas religiosas da igreja catolica, a missao destes missionarios era de expalhar pelo mundo a mensagem cristã, bem como a promoção contínua da reforma religiosa. Junod acreditava que sua tarefa etnográfica era a de documentar uma civilização estagnada. “Era possível que estes indígenas, por causa de quem tínhamos vindo para a África, aproveitassem com um estudo desse gênero e viessem mais tarde a ser-nos gratos por saberem o que haviam sido na sua vida primitiva” (JUNOD, 1996:21).
“Existia ainda a convicção de que as sociedades que nãohaviam sido infetadas pela civilização eram mais propícias a umressurgimento do verdadeiro cristianismo, estes ,missionarios tal como Junod previlegiavam as sociedades primitivas para a envangelização”( COELHO. Marcos, p2. 2009)
É neste comtexto que Hemri-Alexandre Jonud vem para Moçambique com o objectivo de desenvolver trabalhos religiosos (envangelização dos povos), e de um modo pessoas desenvolver trabalhos antrópologos ligados as práticas etnógraficas de Moçambique.

Práticas etnógraficas de Moçambique colonial
Como podemos notar já no periodo colonial, os portuguesses perucupados com a dominação das sociedades nas suas colonias, levam a cabo trabalhos etnógraficos que numa primira fase era efectuada por missionarios, admistradores e voluntarios afins. Estes periodos de recolha de dados devidiu-se em duas fases:
1.      Fase da antrópologia missionária
Sendo este o priméiro periodo da pesquisa etnografica de  Moçambique, foi levada a cabo por missionários e admistradores coloniais. “Para o século XIX, constituem referência incontornável os estudos de Henri-Alexandre Junod, missionário de origem suíça que, além da leitura de textos de James Georges Frazer (1890), Edward Burnett Tylor (1871) e estudos realizados por outros missionários em África (as informações fornecidas por Dom Gonçalo da Silveira e pelo Padre André Fernandes). Henri Junod possuía igualmente uma experiência científica fornecida pela entomologia” (HARRIES, Patrick. p233-276. 2007)
Como primeiro entomólogo e botânico em terras africanas, Junod, correndo contra a corrente dos ventos de mudança e dinâmica cultural, se esforçou em instituir uma “antropologia de resgate”, virada a capturar os aspectos primitivos dos seres vivos (botânica) e os usos e costumes dos primitivos (etnologia) antes que a colonização, a modernidade e a rápida expansão da urbanização os fizessem desaparecer.
“A única obra de relevo e de cunho etnográfico sobre os povos de Moçambique (Sul do Save) produzida nesta época é a incontornável monografia, tornada hoje clássica, de HenriAlexandre Junod, redigida entre 1912 e 1913” (Arquivo Histórico de Moçambique. 1996)

2.      Fase da investigação colonial
Esta fase devide-se em dois periodos: 1. a Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambique ( 1936 e1956/2). 2. Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português (1957/1960).
No primeiro periodo intitulado Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambiqueogoverno colonial em Moçambique desenvolveu pesquisas com objectivo de conhecer os grupos etnicos habitante em mocambique, seu habitos e costumes, com objectivo de mominacao. António Augusto Mendes Correia (18881960) e do seu assistente Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior (19011990), ambos médicos e professores na Faculdade de Medicina na Universidade do Porto, e sob a influência do Dr. Francisco Vieira Machado, então ministro das Colónias. “conhecimento dos grupos étnicos de cada um dos nossos domínios ultramarinos, ou seja, a elaboração das respectivas cartas etnológicas” (Decreto-Lei n.º 26 842, de 28 de Julho de 1936)
Com ojectivos decretos na lei 34.478, publicado em Diário do Governo de 3 de Abril de 1945, este periodo foi composto por seis fases desenvolvidas no centro de Mocambique.
No segundo periodo intitulado,Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Portuguêso governo colonial “admistradores”, ja estavam embuidos de novos discursos sobre a populacao da colonia, onde ja eram concordantes no discurso quanto aos povos das colonias, e criam-se decretos de integração dos indígenas no Estado português.
As atenções ficam viradas aos estudos de culturas locais. “Não se tratava mais de medir índices cranianos ou avaliar provas de esforço físico (robustez para o trabalho); não se tratava mais de conhecer apenas a disposição social e cultural dos povos de Moçambique, tratava-se sobretudo de salvaguardar os interesses fundamentais do colonialismo português com vista a facilitar a gestão social das populações dominadas” (DIAS, 1998: xxvi).
Foi assim que se criou, em Fevereiro de 1957, a Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português, sob o impulso do Professor Adriano Moreira (1922- ), director do Centro dos Estudos Políticos e Sociais. Contudo, longe de constituir uma realidade, o novo estatuto “impôs um sistema de exclusão e violência, baseado no sistema do indigenato” (MACANGO, 2002: 110)
Nas suas duas fases, a Missão Antropológica de Moçambique desenvolveu suas actividades em território nacional durante um período de vinte e três anos (1936-1959) tendo registado 44 trabalhos publicados, dos quais apenas 14 versam sobre a etnografia. Prosperavam “estudos de antropometria, sobretudo aqueles que diziam respeito ao aproveitamento da força de trabalho e cujos objectivos são facilmente descortináveis” (http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=293029097009)

Práticas etnógraficas de Moçambique pós-colonial

O Marxismo e a Antrópologia

Marx tambem se preucupou pelo estudo das sociedades primitivas, preucupando-se com o surgimento do capitalismo, ele se interessa pelo feudalismo e pelas sociedades primitivas.
Para Marx, a sociedade se divide em infra-estrutura (estrutura económica formada das relações de produção e da força de trabalho) e supra-estrutura (que se divide em dois níveis: o nível jurídico-político formado pelas normas e leis que correspondem a sistematização das relações já existentes e o nível da estrutura ideológica: filosofia, arte, religião, etc., isto é, conjunto de ideias de determinada classe social para defender seus interesses). De acordo com este determinismo económico, Marx classifica a sociedade segundo o tipo predominante de relações de produção.
Os países africanos adoptaram o marxismo, depois das independências. Assiste-se, por exemplo, em Moçambique a criação de lojas do povo, cooperativas do povo, machambas do povo, o salário era único para todos os funcionários, aldeias comunais.
A antropologia marxista passou a ser maioritariamente do terceiro mundo e foi adoptada pelo 3º congresso da Frelimo realizado em Maputo em 1977, pelo seu determinismo económico e por ser promotora de igualdade de classes. Ela se centra sobre a análise das formas de exploração (sexual – androcentrismo; laboral – eurocentrismo, etc.); para outros, a diferenciação sexual é cultural e não biológica. Ela será empregue como expressão da emancipação de uma classe social oprimida.
As independências dos países africanos fomentam a formação de um homem novo, caracterizado pela criação de uma nova identidade cultural onde os valores da sociedade tradicional (a etnia, a tribo e a região) são substituídos pelo nacionalismo.

Conclusão
Desde a era colonial, levantou-se o interesse de estudo sobre as práticas etnógraficas em Moçambique, pensadores antrópologos como Henri-Alexandre Jonud, Jorge Dias, Junior, preucuparam-se em estudar os povos habitantes em Moçambique, os chamados povos primitivos, ums com objectivos religiosos e antrópologos “Henri-Alexandre Jonud”, e outros com comandados pelo colonialismo para estabelecer trabalhos de cunho atnógrafico em Moçambique “Jorge Dias e Junior”.
Foi assim que no periodo colonia se controu a antrópologia etnógrafica de Moçambique. Na vertente pós-colonial, assistimos a adoção do marxismo pelo novo governo de Moçambique independente, onde as igualidades sociais eram o prato dominante, a valorização do povo e o abate da teoria capitalista estavam no centro de discossões no terceiro congresso da frelimo realizado em Maputo no ano 1977.
  
Referenciasbibliograficas
1.      ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009
2.      Arquivo Histórico de Moçambique. Usos e Costumes dos Bantus. A vida de uma tribo do sul de África. 1996.
3.      COELHO. Marcos Vinicius Santos Dias, O Humano, O Selvagem E O Civilizado discurso sobre a natureza em moçambique colonial, 1876-1918 Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2009
4.      DIAS. Jorge, Os Macondes de Moçambique: Aspectos Históricos e Económicos (1964 Vol. I);
5.      Diário do Governo, 1ª série, no 175.
6.      HARRIES, Patrick. Junod e as sociedades africanas: impacto dos missionários suíços na África austral. Maputo: Paulinas, 2007.
7.      JUNOD, Henri A. Usos e costumes dos Bantu. Tomo I. Maputo, Arquivo Histórico de Moçambique, 1996.
8.      Lorenzo MACAGNO, “Luso tropicalismo e Nostalgia etnográfica: Jorge Dias entre Portugal e Moçambique”, in Afro-Asia no 28, 2002, p. 97-124.
10.  http://www.Wikipédia/práticasetnográficas..


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