Dimenção Religiosa do Homem

Introdução
É com intenção premeditada que o presente trabalho se inicia, A religião é a crença na existência de uma dimensão ontologicamente transcendente, sobrenatural, com a qual se deve estabelecer uma relação de devoção através de um conjunto de procedimentos (rezas, cerimónias, etc.). Embora a religião tenha características comportamentais, afectivas e cognitivas, predominam as características afectivas, relacionadas com os sentimentos, com a . A palavra “religião” provém do verbo latino religare (ligar, juntar, unir), o que está relacionado com um dos aspectos fundamentais da religião: a união entre o homem e o divino. Neste Trabalho ira se fazer menção dos seguintes temas: O que é a religião? O que e o homem? O homem e a religião, Fenómeno da Religiosidade; Fenómeno de religiosidade na África, particularmente na concepção Banto, Análise Teológica; Critica Filosófica, religião e antropologia filosófica.
Estes temas farão parte do trabalho que na sua essência vai debruçar com maior êxito a concepção do homem no âmbito teológico e no sentido global. No que concerne a religião falarei da concepção de Deus em África particularmente na concepção Banto.
Com o trabalho pretendo elucidar os leitores, a cerca da dimensão religiosa do próprio homem do ponto de vista teológico e científico.
No contexto particular, a dimensão religiosa do homem na África principalmente no povo Banto.








Capitulo I
1.      O Que é a Religião?
O termo religião como podemos observar tem origem do latim que temos como significado ligação, do homem a uma estância superior. A religião da maneira geral é um o culto seguido por um grupo de indivíduos, e dirigidos por um membro, por eles escolhidos que é mais forte espiritualmente e tem uma ligação mais próxima com o ser superior “Deus”. Este homem tem a missão de conduzir os membros, e tem a autoridade de guiar todas as actividades seja de carácter prático (sacrifícios, oferendas), ou de carácter psicológico (como sermões e orações).
Como podemos observar esta é uma definição geral da religião, uma boa definição ao nosso ver seria:
A religião é o conjunto de conhecimentos, de acções e de estruturas com a que o homem exprime reconhecimento, dependência, veneração com relação ao sagrado (LALANDE1971).
O aspecto subjectivo do fenómeno religioso é constituído pelo reconhecimento da realidade do sagrado, pelo sentimento total de dependência a seu respeito e na atitude de veneração para com ele. O sagrado quando permanece sagrado é objecto da religião, a religião não e considerada como um achado da fantasia humana, o acto religioso esta apontado para uma característica relativamente existente. (MONDIN, 1980, p.235).
Deste modo determinamos que a religião se distingue da filosofia da arte da moral, o que distingue da filosofia é sobretudo o elemento subjectivo, tanto a filosofia como a religião todos se ocupam do sagrado, do divino, “da realidade última”. Mas atingem este fim último de maneira diferente, a filosofia procede abstractamente com finalidades puramente especulativas, enquanto a religião “é tomada de posição pessoal que vai alem do simples conhecimento da verdade, e atinge a divindade suprema ”.
O que distingue a religião da arte é sobretudo o elemento objectivo: a religião tem por objectivo o real, a arte o ideal.
A religião e a moral não obstante estejam ligadas entre si de modo bastante estreito são essencialmente distintas “ a primeira é encontro com deus, contacto pessoal com ele, reconhecimento humilde e devoto do seu valor absoluto e da sua santidade. A segunda cabe o cuidado e a realização dos valores humanos”.

As crenças dividem-se em vários grupos, de acordo com o número ou natureza da divindade:
  • Monoteísmo
    Crença num único deus. Surge por vezes como reacção a cultos politeístas.
  • Monolatria
    Crença divina entre o monoteísmo e o politeísmo. Venera-se um único deus, mas não se nega a existência de outros.
  • Politeísmo
    Crença em vários deuses com diferentes funções e esferas definidas de responsabilidade. O mundo dos deuses é geralmente organizado à semelhança do dos homens.
  • Panteísmo
    Crença em deus, ou numa força divina, que está presente em todas as coisas do mundo. Surge frequentemente associado ao misticismo, sendo o objectivo alcançar a união com a divindade.
  • Animismo e crença espiritual
    Crença numa natureza povoada de espíritos, expressões da força natural que impregna a existência.

1.2. O que é o homem?
O homem pergunta por sua própria essência, isto somente é possível porque ele já sabe algo de si mesmo, não é um saber que suprime a pergunta, mais o possibilita. O homem não se confunde perfeitamente, ele permanece para si um ser enigmático e misterioso. Sabe por si como um ser que espiritualmente se possui e compreende. Mas esta emerso na obscuridade do ser e devir material que lhe impede uma auto compressão plena, esta dualidade, determina a essência do homem (MONDIN p16).
A antropologia busca a essência do homem embora não exista um consenso sobre o que vem a ser essa essência embora se concorda que ela existe e o que diferencia os outros animais do ser humano. Se formos a definir o homem como pessoa temos:
- O homem é um ser material, o homem é entes de tudo um animal possuído de corpo ou uma matéria viva, complexamente organizada e sendo assim possui mobilidade e possibilidade desse aperfeiçoar ate certo ponto.
- O homem tem pose e utiliza a razão, para reflectir, emitir juízos, dominar e modificar a natureza, buscando conhecimento, técnico, cientifico, elabora conceitos e ideias. E todos estes actos dos homens de reflectir, raciocinar, sobre os demais seres vivos, e tem a capacidade de compreender outros seres e a si mesmo por ser racional e pensante, transcendendo assim os limites do seu corpo criando novas coisas, aperfeiçoando, construindo segundo seu pensamento para ter cada vez mais uma vida sã. (EBAH.COM.BR, o que é o homem?).

1.2.1. O homem e a religião (concepção cientifica)
Nos primeiros milhares de anos o homem se alimentava como um animal, a partir de raízes, plantas, caramujos e insectos. A primeira ferramenta que descobre é sua própria mão e a partir do seu uso começou a ter uma vida melhor.
Com o contacto com outros homens, forma tribos, e comunica-se na base da linguagem, este homem vai reflectir-se sobre o que lhe acontece tentando sem sucesso interpretar os sonhos e os fenómenos atmosféricos, as doenças, as mortes, só depois desta enorme temporada é quando os indícios da religião começam a surgir, quando o homem vê o sol como um ser superior que lhes da a luz, lhe aquece e lhe protege da escuridão, das trevas e das ferras, e quando anoitece o sol se vai, há necessidade de o invocar para um novo amanhecer.
Assim ele concebe o sol como um Deus, este Deus que garantira sua ressurreição como com ele acontece todos os dias. O sol facilitava-lhe a caça de dia, lhe protegia, assim seu amigo e seu superior se tornou, assim amou a luz e temeu as trevas, este estado espiritual foi se traduzindo de geração em geração. O homem assim começou a criar os primeiros mitos para explicar aos iniciados a cerimónia. O sol representava o nascimento, a vida, a morte e a ressurreição. (DUMEZIL 1789)
Por mais que a ciência nos conduza a um conhecimento puramente provável e longe de Deus, ela mesmo conduz de volta a Deus como única saída para responder as questões como:
- O que é o mundo? O que é a vida? O que somos? Considerando o tempo e o espaço somos infinitos porque estamos aqui inseridos no universo infinitamente grande e em expansão. (DOMINO 1946)
- Qual é o futuro do homem? Se o homem vai ser destruído, porque foi criado? O que se oculta no processo da morte e renascimento? (EISTIEN 1897).


1.3. Religião e Antropologia Filosófica
Neste ponto falarei de uma análise fenomenológica do homo religious, sem empenharmos em investigações metafísicas, por isso elucidarei a dimensão religiosa para a compreensão do ser do homem e não a resolver problemas da verdade da religião. A seguir vejamos concepções fenomenológicas sobre a religião:
Para muitos autores a religião é um coeficiente fundamental e essencial da hominização, para estes autores o homem e naturalmente religioso não só facto como também por direito. Como ele é carente de corpo de linguagem, de cultura, assim ele também não é carente da religião, segundo Feurbech “ A religião tem sua base na diferença essencial entre o homem e animal, os animais não tem religião”. Esta tese foi confirmada por Scheler, James, Bergson, Blondel, Schmidt, Van der Leeuw, Otto, Eliade, Luckmann e por muitos outros estudiosos. (G. Van Der Leeuw, 1961, p144)
Segundo Van de Leeuw “somente quem não é ainda homem, quem não é ainda consciente não é homo religios”. O homem que não quer ser religioso é justamente por sua vontade, pode evitar a Deus mas não pode fugir-lhe. Mas porque motivo o homem é religioso de direito, alem de fato?

 1.4. O Fenómeno da Religiosidade
É da experiencia religiosa que nasce a fé, desta forma a religião, impregna todas formas vida principalmente naquela que tange a espiritualidade. Segundo Hellem, o homem foi criado por Deus, portanto ee por natureza religioso, porque acima dele existe a divinidade. A oracao e o sacrifício estão extreitamente ligadas a existência e presença de Deus.
Os antropólogos informam-nos que o homem desenvolveu uma actividade religiosa desde a sua primeira aparição na cena da história e que todas as tribos e todas as populações de qualquer nível cultural cultivaram alguma forma de religião.


1.5. A crítica filosófica
A questão religiosa esteve sempre presente em todas fases da história da filosofia, destacarei a seguir alguns dos muitos críticos filosóficos da religião.
·         Lucrécio e Epicuro, sentiam que a religião terá nascido do medo da ignorância e que a compreensão do mundo natural poria as pessoas livres dos seus grilhões.

·         Nicolau Maquiavel diz “nos Italianos somos irreligiosos e corruptos, mais do que os outros representantes deram a nós o pior exemplo”. Para Maquiavel a religião era apenas uma ferramenta útil para um governante que pretende-se manipular a opinião pública.


·         Para Marx, a religião é produto imaginado por esta sociedade para realizar a exploração de classes׃ a religião é um instrumento de evasão para os oprimidos e de justificação para os opressores. Ela é o ópio dos povos ׃ «A miséria religiosa é, de um lado, expressão da miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida pela desventura, a alma de uma época sem espírito. É ópio para o povo», o fundamento da crítica religiosa é este «o homem cria a religião e não a religião o homem». Nela o homem alienado busca uma felicidade ilusória, um paraíso artificial: a consequência desse processo é uma postura de desconfiança e de remissão. (MONDIN P.221).

·         Para Nietzsche. «Deus morreu». Aqui os fracos, os humilhados, os oprimidos elevam o seu ideal de fraqueza, de velhacaria, de resignação a ideias e fazem de tudo para constringir também os homens fortes, os potentes e super-homens a aceita-lo. “Só miserável é bom, proclama o cristianismo, o pobre, o fraco, o humilde somente são bons; somente o doente, o necessitado, aquele que produz repulsa é pior. Só a eles é prometida a felicidade e salvação eterna. Enquanto a vos potentes, aristocratas, a vos é dito que sós para eternidade maus, perversos, vorazes, insaciáveis inimigos de Deus e que, por isso, sois eternamente infelizes, condenados, malditos”. (ibidem).


·         Leitmotiv no primeiro capítulo da obra Ecce homo diz que a questão religiosa para ele nunca teve nenhuma importância e que as noções de «Deus» imortalidade da alma» e «além» não merecem nenhuma atenção.
Os cientistas afirmam que as preocupações das pessoas ligadas a religião só servem para dificultar a evolução normal da ciência, porque mesmo na idade moderna onde nos encontramos estes homens continuam com o pensamento primitivo da religião.
           

1.6. Análise Teológica
Os filósofos e teólogos católicos, enfileiraram, ou seja, alinharam a religião em duas posições:
1.6.1. Postura Positiva
Os filósofos e teólogos católicos, afirmam que o homem, nasce religioso, porque segundo eles, a religião é natural, onde ‘‘vendo na religião um vínculo natural, legitimo e obrigatório do homem para com seu Criador, assumiram como uma posição positiva’’ (MONDIN, 1980, p.230). No entanto, os teólogos protestantes, por terem considerado a religião como uma anomalia mais grave e perniciosa da mente e do coração do homem, assumiram uma posição crítica, de refutação e até de condenação. Por outro lado, propõem que a religião é uma ‘‘expressão mais clara da sobrevivência do homem’’ (Ibidem).



1.2.1.      Postura Negativa ou Criticas dos Teólogos Protestantes
a)      Karl Barth
 ‘‘diante de Deus não só o mundo, a história e a Filosofia são problemáticas e ináuticas como também a especulação religiosa’’ (MONDIN, 1980, p.231), porque segundo ele, Deus não é e não pode ser nunca objecto das faculdades humanas cognitivas e da experiência, da intuição e do sentimento, mas é o Sujeito soberanamente livre de cada desenvolvimento humano, na sua própria acção sustentadora da fé. No entanto, ele não nega, mas condena o conhecimento segundo o qual ‘‘a religião natural possa chegar a um certo conhecimento de Deus’’ como falso e danoso (Ibidem), porque constitui um obstáculo ao conhecimento verdadeiro de Deus. A religião segundo ele é o esforço que faz com que os idiotas e hipócritas criem uma verdade sem ajuda.

b)      Rudolf Bultmann
Fez um apelo há razões de ordem filosófica (MONDIN, 1980,p.232), onde considera a religião como sendo o resultado da mentalidade ingénua e imatura da humanidade antiga, porque segundo Mondin a religião ignora a causa verdadeira, autêntica das coisas, acima disso, ex cogitou a religião como série de seres sobrenaturais.


















Capitulo II
2.      Fenómeno da religião na cultura africana
Na realidade, o preconceito de que os africanos seriam “pagãos”, nos sentidos de não possuírem qualquer religião estruturada, não tem qualquer consistência. Para alem daquilo a que se convencionou chamar a “religião tradicional africana”, convêm não perder a noção de fortíssima presença de duas religiões monoteísta, caracterizadas pelo seu proselitismo, que de há muito se instalaram neste enorme continente e vem crescendo sempre de ano para ano. Referimos obviamente aos cristãos e aos muçulmanos.

2.1. A concepção Banto sobre Deus
Deus é para Banto o criador de todo o universo e a força (o que o mesmo é dizer o”ser” (supremo). Mas embora Deus ocupe um lugar à parte e incomparável e esteja sempre presente no pensamento das suas criaturas, a verdade é que os bantos não lhe prestam nenhum culto especial. Não constroem templos, não tem lugares fixos de cultos, não tem sacerdotes, nem uma liturgia especial, nem praticam sacrifício para lhe agradar. E todavia rezam-e-rezam-à muitos sua maneira.
Mas há outras explicações para o facto curioso de estas sociedades não construírem templos. Uma delas tem a ver com a própria escassez de materiais e teologia para efectuarem grandes construções. Com excepção de Zimbabwe, sua cultura ignora as grandes construções é pedra. São escultores em madeira, e mesmo essa arte, não existe enquanto tal mas sempre com finalidade religiosas. E por último, há que lembramo-nos de que estes grupo os moveis são geralmente de pequena dimensão, não ultrapassando algumas dezenas, constituídos por famílias e clãs. (CARMON, 2011, P.41)



Conclusão
No trabalho dado fez-se entender que, afinal de contas o homem vive imbuído da religião, no entanto os temas abordados fizeram referência do homem em relação a religião, onde no primeiro capítulo realizou-se sobre o fenómeno da religiosidade que é religião é a manifestação tipicamente humana, ela não esta presente nos outros seres vivos, apenas esta no homem. Em suma todo homem por natureza é religioso.
Na história do problema religioso, viu-se que o problema religioso no passado esteve no centro de toda atenção das culturas das seguintes disciplina: Filosofia, teologia, Fenomenologia e sociologia. Sobre crítica religiosa, viu-se que foi devidamente com Hume e Kant que a questão religiosa se tornou um dos pontos centrais da reflexão filosófica. Neste primeiro capitulo a questão da religião trata-se num sentido tão generalizado, e no segundo capitulo, trata-se em torno de uma parte do mundo referindo-se da África, onde vimos na África a religião tradicional, praticada particularmente nos povo Banto tem como objectivo celebrar o encontro de dois mundos distintos, mais interligados ou interdependentes nos méritos que veiculam.
A filosofia por ser uma cadeira com um dos seus métodos, análise crítica, e também por ser sabido que o erro e humano, pode se criticar no caso de detectar qualquer anomalia ou falha para mais crescimento da ciência e da filosofia.








Bibliografia
CARMON, António, Antropologia das Religiões, 1ª Edição, Lisboa, 2011
DOMINO, Ambrósio, como nasce la religione 1946
DUMEZIL, Georges, hancia uma historia rezonada de las religiones 1789
EISTIEN, Albert, Religione y Ciencia 1897
LALANDE, A. Dizionario critico di filosofia, no verbate religione Milao 1971
MONDIN, Baptista, o Homem quem é ele? São Paulo, Brasil, edição paulista, 1980


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